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Trabalho, trabalho, trabalho... O primeiro emprego
Sou Au Pair. Existem várias maneiras de chegar aqui como uma. No meu caso eu tinha uma amiga que morava aqui na Irlanda e era Au Pair também. Eu então me interessei, principalmente porque teria contato direto com o idioma e com a cultura irlandesa. Me aventurei por alguns sites que oferecem vagas até que conheci uma família Irlandesa que precisava de uma pessoa para começar exatamente no mês em que eu chegaria. Fui direto para a casa da Sinead e Howard (um casal de irlandeses que foram uma bênção na minha vida). Me buscaram no aeroporto e me ajudaram nos meus primeiros momentos aqui. Eu cuidava do Kai, um bebezinho lindo que na época tinha onze meses. O bebê mais lindo que já vi na vida... Depois de três meses tive que procurar uma nova família, pois o Howard estava desempregado e eles não podiam me manter em casa. Foi aí que encontrei a família Fleming. Outra benção na minha vida. Desde abril de 2008 moro com eles e cuido da Charlie, uma menininha linda de 6 anos. O segundo emprego
Ah, o nome La Riche é um jogo de letras com o nome da Charlie. Criativo, não? O Terceiro emprego O terceirão foi dureza. Desde que vim pra cá tive a ideia de procurar emprego nos jornais gratuitos de Dublin (trabalha-se como Merchandiser, distribuindo jornais nas portas das estações e nos principais pontos da cidade). Queria um emprego no jornal porque são somente duas horas e meia por dia, ganha-se relativamente bem pelas horas e principalmente porque o horário de trabalho no jornal, que é beeeem cedo, não atrapalharia a escola e meus outros empregos. Começando pelo começo, eram dois jornais gratuitos que circulavam pela manhã na capital irlandesa: o Metro e o Herald. Desde o início de 2010 eles se fundiram e agora só existe um jornal chamado "Metro Herald".
Mas hoje entendo a relação entre os acontecimentos. Um belo dia, a Merchandiser da minha vila resolveu tirar férias. Quando soube, logo corri no escritório para deixar meu currículo novamente. Poderia ser uma oportunidade temporária. No escritório, a atendente me reconheceu - a cara dela de "Ah não! Essa menina de novo não", foi muito engraçada. Também deixei um currículo com a Merchandiser da vila e ela entregou para o meu futuro chefe, que me ligou logo depois dizendo que tinha uma vaga permanente em uma vila ao lado da minha. Decidi encarar... Lá foi Thatiana pedalar 40 minutos todos os dias para chegar ao trabalho. Mas valeu a pena. Fazem oito meses que trabalho no Metro e tenho um novo cargo. Depois de Merchandiser fui Hitsquad, uma espécie de "resolvedora de problemas". Hoje sou Team Leader ou líder do time, em português. Lidero uma equipe de 20 merchandisers ao norte de Dublin. Resolvo problemas... Praticamente um Chapolin Colorado "amarelo" (nosso uniforme é bem amarelo. Entre os brasileiros somos conhecidos como "fandangos". Antes éramos os Smurfs, pois o uniforme era azul. Santa criatividade brasileira, rs). O quarto emprego Cheeeeega! Brincadeira, não tem quarto não. Só se fosse de madrugada... As horas que sobram são para a escola que não perco nenhum dia! Com tudo isso fica difícil parar. E fico feliz. No início pensava em como todos esses empregos iriam me ajudar a viajar (adoro viajar), mas hoje sei que o que mais valeu foi a experiência. Tenho uma outra noção de trabalho. Vejo que é tão bom fazer tudo isso e ser produtiva todo o tempo! No início era muito cansativo, mas nada melhor que a rotina. Ah, e isso tudo no inverno, hein?!? Dureza, mas é valioso, muito valioso... Em casa tenho contato com a cultura do país, realmente vivo na Irlanda! Quando moramos com pessoas da mesma nacionalidade é impossível vivenciar isso. Vejo as diferenças, as igualdades... No trabalho na La Riche aprendo como é trabalhar numa empresa local, tenho contato com profissionais (as vendedoras e funcionários são todos irlandeses) e como funciona esse mundo corporativo Irish que é sim muito parecido com o nosso (inclusive, cá pra nós, o nosso atendimento ao cliente dá "show de bola" ao comparar alguns casos). E, por último, no jornal, aprendo como cada pecinha no mundo é importante. O que seria do mundo sem os jornaleiros, meu Deus?!? Tenho contato com pessoas do mundo todo - trabalhos de subemprego geralmente são feitos por imigrantes em sua maioria. nigerianos, maurícios, angolanos, brasileiros. Tenho até uma merchandiser do Zinbabwe. Onde eu iria conhcer alguém do Zinbabwe?!? Só na Irlanda. * João Grilo é uma personagem da obra O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. ------------------------------------------------------------------------------------------------
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